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Europa ou América do Sul? A Corrida para Conquistar o Futebol nos EUA

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O crescimento do futebol nos EUA: uma nova fronteira

Durante décadas, os Estados Unidos foram vistos como um território inóspito para o futebol. Num país dominado pelo futebol americano, basebol, basquetebol e hóquei, a “soccer culture” parecia sempre viver nas margens. No entanto, essa realidade tem vindo a mudar de forma acelerada.

A Major League Soccer (MLS), que conta atualmente com 30 clubes, tem registado aumentos consistentes na audiência, no número de sócios e no valor dos direitos de transmissão. A liga ultrapassou a marca dos 2 mil milhões de dólares em receitas anuais em 2023, demonstrando uma solidez financeira crescente. Clubes como Inter Miami, LAFC e Atlanta United mostram estádios lotados e um nível de envolvimento crescente por parte dos adeptos, especialmente entre os mais jovens e nas comunidades de imigrantes.

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Além disso, os Estados Unidos preparam-se para receber o mundo: o país será um dos anfitriões do Mundial de 2026, juntamente com o Canadá e o México. O jogo de abertura acontecerá no Estádio Azteca, na Cidade do México, a 11 de junho de 2026, enquanto a final será disputada em Nova Jérsei. No total, 16 cidades-sede foram escolhidas para receber os jogos: duas do Canadá, três do México e 11 dos EUA. Este evento promete ser um catalisador para a consolidação definitiva do futebol como um dos grandes desportos americanos.

Mas à medida que o futebol cresce em solo americano, um novo duelo cultural emerge: de um lado, a estrutura europeia, altamente tática, organizada e financeiramente poderosa; do outro, a paixão sul-americana, vibrante, improvisada e carregada de emoção.

A influência europeia: tática, organização e investimento

A Europa é, sem dúvida, o epicentro do futebol mundial em termos de prestígio, talento e dinheiro. E essa influência tem-se espalhado também pelos Estados Unidos. Clubes europeus como o Manchester City (via City Football Group), o PSG, o Bayern de Munique e o Arsenal estabeleceram parcerias estratégicas, academias e até clubes satélite nos EUA.

Além disso, a influência vê-se dentro de campo: treinadores europeus são cada vez mais contratados por clubes da MLS, trazendo consigo métodos de treino sofisticados, foco tático e uma abordagem altamente profissionalizada. A chegada de estrelas veteranas como Thierry Henry, David Beckham e, mais recentemente, Lionel Messi (com aura europeia pós-Barcelona e PSG), ajudou a elevar o nível técnico e atrair a atenção internacional.

Messi, que continua a brilhar pelo Inter Miami em 2025 com 10 golos e 6 assistências em apenas 13 jogos, tornou-se o rosto global da liga, impulsionando significativamente o engajamento digital e a visibilidade internacional da competição.

No topo disto tudo, há uma visão clara de negócio: os clubes europeus olham para os EUA como um mercado inexplorado e rentável, tanto em termos de merchandising como de prospeção de talentos. A profissionalização do futebol universitário e o investimento em centros de alto rendimento mostram que a estrutura europeia já se enraizou profundamente.

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A paixão sul-americana: estilo, emoção e legado cultural

Mas o futebol americano não vive só de estratégia e milhões. Uma força igualmente poderosa e talvez mais emocional está a crescer no coração dos estádios: a paixão sul-americana.

Com milhões de latino-americanos a viver nos EUA, o futebol é mais do que um desporto. É identidade, memória e herança. Os descendentes de mexicanos, argentinos, brasileiros, colombianos e outros países carregam consigo um estilo de apoio completamente diferente: cânticos intermináveis, bandeiras, tambores, coreografias e uma ligação visceral ao jogo.

Clubes como o LA Galaxy, Houston Dynamo e Inter Miami têm bases de adeptos fortemente marcadas por essa energia sul-americana. Além disso, a contratação de jogadores oriundos da América do Sul (e não só de estrelas em final de carreira) tem contribuído para moldar o estilo de jogo da MLS: mais técnico, mais emotivo, menos previsível.

E nos amistosos e torneios internacionais realizados nos EUA, como a Copa América ou os jogos de pré-época de clubes europeus, as bancadas muitas vezes vestem-se de azul celeste, amarelo, verde e vermelho. A América Latina mostra sempre presença, e em peso.

Quem está a conquistar o coração dos fãs americanos?

A verdade é que o coração dos fãs americanos está dividido, e talvez seja essa a beleza do que está a acontecer.

Por um lado, há um público que valoriza a organização europeia, a precisão tática e os nomes consagrados da UEFA Champions League. São adeptos que seguem clubes como o Real Madrid, o Liverpool ou o Bayern há anos e que querem ver esse nível de futebol na sua terra natal.

Por outro lado, a alma latina é impossível de ignorar. Os adeptos que crescem com o futebol como parte da sua cultura familiar, algo que se grita, dança e vive, encontram nos clubes locais um reflexo da sua própria identidade. Essa conexão emocional é, muitas vezes, mais forte do que qualquer planificação desportiva.

Eventos como o sucesso do Inter Miami com Messi, o impacto de jogadores como Thiago Almada no Atlanta United ou as visitas de seleções como a Argentina e o México a solo americano provam que a emoção sul-americana tem um poder magnético, especialmente entre os jovens latinos, que formam uma fatia cada vez maior da população americana.

O futuro do futebol nos EUA: fusão ou confronto de estilos?

À medida que os Estados Unidos se consolidam como um dos principais mercados do futebol mundial, a grande questão que se coloca é: vamos assistir a uma fusão ou a um confronto de estilos?

A tendência aponta para uma mistura criativa. Os clubes americanos parecem estar a absorver o melhor dos dois mundos: a organização e o planeamento europeu com a paixão e a espontaneidade sul-americana. A MLS, por exemplo, já mostra sinais dessa fusão, com clubes que jogam com disciplina tática, mas mantêm a entrega emocional e os momentos imprevisíveis.

Outro desenvolvimento significativo é o anúncio da USL (United Soccer League) de criar uma nova competição para rivalizar com a MLS, expandindo o acesso ao futebol de alto nível para mais cidades americanas. Esta iniciativa demonstra o crescente interesse no desporto e a maturidade do mercado, capaz de suportar múltiplas ligas profissionais.

No entanto, este equilíbrio ainda é frágil. O risco de “europeizar” em excesso o futebol americano pode afastar parte do público latino, que não se revê num estilo demasiado frio ou robótico. Por outro lado, um excesso de caos emocional sem estrutura pode impedir a consolidação de projetos desportivos sustentáveis.

O desafio está, portanto, em encontrar um modelo híbrido, que respeite a diversidade cultural e futebolística dos EUA, um país que, afinal, é construído sobre essa diversidade.

Conclusão: a América como novo palco do futebol global

Os Estados Unidos já não são meros espectadores no futebol global. Estão a transformar-se num palco central. E como em qualquer grande palco, os estilos, as histórias e as emoções entram em confronto e em celebração.

De um lado, a precisão europeia; do outro, a chama sul-americana. No meio, uma nova geração de adeptos americanos, latinos, afro-americanos, asiáticos e europeus a descobrir o jogo à sua maneira.

Quem vai conquistar os EUA? Talvez a pergunta esteja mal formulada. O mais provável é que seja o futebol a conquistar os EUA, mas com sotaques diferentes, emoções partilhadas e um futuro em construção.

Marina Sampaio
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Marina Sampaio é jornalista há mais de 10 anos. Trabalhou em agências de comunicação como especialista em conteúdo em diferentes plataformas para as editorias de Educação, Política e Beleza. Desde 2024, assumiu a responsabilidade de liderar o Vivaposta, site focado em apostas esportivas legais e esporte. Como entusiasta apaixonada por ambas as áreas, tem o privilégio de fornecer análises, dicas e insights valiosos aos nossos seguidores.