Defesa Merih Demiral é investigado pela Uefa por gesto extremista no Euro
Merih Demiral, defesa da Turquia, está a ser alvo de uma investigação pela Uefa devido a um gesto considerado extremista durante a comemoração da vitória da sua equipa por 2 a 1 sobre a Áustria, nos oitavos de final do Euro2024. O defesa fez um sinal com as mãos que remete ao grupo nacionalista turco conhecido como Lobos Cinzentos, o que gerou ploémica e preocupação. O jogador pode mesmo ser proibido de participar nos quartos-de-final.
O gesto, que é proibido na Áustria, foi feito após o segundo golo marcado por Demiral. Tal comportamento levantou questões sobre a associação do jogador ao grupo nacionalista considerado de extrema-direita.
Para além disso, não é a primeira vez que o jogador está envolvido neste tipo de situações. Em 11 de outubro de 2019, após o golo de Cenk Tosun na vitória em casa por 1-0 sobre a Albânia nas eliminatórias do Euro 2020, Demiral foi um dos jogadores turcos que participou na controversa celebração do golo com uma “saudação militar”.
Este gesto suscitou igualmente críticas de numerosos adeptos da Juventus, equipa do jogador na altura, nas redes sociais, bem como de adeptos de outros clubes. Muitos pediram que o clube tomasse medidas disciplinares contra o jogador; outros exigiram mesmo que Demiral fosse despedido pelo clube.
Gesto ligado a grupo de extrema-direita turco causa desconforto
Após o jogo, Demiral defendeu-se, afirmando que o seu gesto tinha como intuito expressar o seu orgulho nacional e que não continha nenhuma mensagem oculta. No entanto, o episódio gerou desconforto entre políticos de outros países, como a ministra do interior da Alemanha, Nancy Faeser, que pediu uma punição para o jogador por utilizar o Euro como plataforma para disseminar ideais extremistas.
O porta-voz do partido do presidente turco Recep Tayyip Erdogan também se manifestou, considerando os comentários de Faeser e a investigação da Uefa como “inaceitáveis”. A situação mostra como o gesto de Demiral repercutiu para além dos limites do campo de futebol, envolvendo questões políticas e sociais.
Perante a polémica, a Uefa continua com as investigações sobre o comportamento do jogador turco, enquanto o episódio levanta discussões sobre a liberdade de expressão e os limites das manifestações políticas no desporto.
Declarações do jogador
Após o jogo, Demiral defendeu a utilização do gesto, em que ambas as mãos se assemelham a lobos com narizes e orelhas pontiagudos. “Tinha em mente uma comemoração específica, algo ligado à minha identidade turca”, disse ele. “Estou incrivelmente orgulhoso de ser turco e senti profundamente esse orgulho depois de marcar o golo. Queria exprimir isso e estou muito feliz por o ter feito”. Demiral explicou ainda que viu os adeptos a fazerem o gesto nas bancadas e quis juntar-se a eles. Se isso se confirmar, a Uefa poderá também abrir um inquérito sobre o comportamento dos adeptos.